quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Estás sobre uma das mãos...

Impressionante como algumas músicas tem a capacidade de nos despertar sentimentos e vontades que não conseguimos controlar... E hoje, particularmente, levada pela revolta de casos que têm acontecido recentemente e que a mídia faz questão de focalizar minuto a minuto, venho escrever sobre um assunto que o Homem ainda não aprendeu a lidar: a possessividade.

Já diria Angela Maria, "Ninguém é de ninguém , na vida tudo passa". Mesmo assim, muitas pessoas insistem em repetir o erro, acreditando que dominar o outro é a melhor opção de controle. Coitados. E falo com propriedade porque também já fui uma coitada, traduzindo em concepções erradas uma carência infundada de ter tudo sob controle (como era na época que eu brincava com a casa da Barbie). Santa ingenuidade...

O que o noticiário nos trás, a cada nova inserção do plantão, é esse rapaz que fez refém a ex-namorada porque ela não quis retomar a relação, em São Paulo. Diga-me Deus, que poder tem o Homem pra fazer isso? Será possível que sucumbimos à tentação pra provar que somos capazes de algo que, na verdade, representa a fraqueza do ser humano? É triste acompanhar o desequilibrio desse jovem de 22 anos que pretende eternizar o que já não existe. Fico solidária com a família, que já não cabe em si nas súplicas ao rapaz, para que solte a menina-moça.

Como Kleiton e Kledir, de forma espetacular trazem à letra de Estrela, Estrela "É bom saber que és parte de mim, assim como és parte das manhãs, melhor, melhor é poder gozar da paz, da paz, que trazes aqui...". Somos livres, temos direito à liberdade e assim somos chamados à vida: com livre arbítrio para a maior parte das decisões que nos cabem. Entretanto, quando entendemos que o outro nos pertence, deixamos de ser donos da própria razão. Arraigados na vontade de filtrar, de consumir, de administrar o outro... esquecemos da nossa essência. Nada.

Parece mesmo que a genética do ser humano traz em si um fragmento que não admite a solidão, a falta de um(a) companheiro (a). E até seria uma prática saudável se o indivíduo soubesse usar com dignidade e respeito a capacidade de conviver. Lamentável.

E eu encerro este texto trazendo as palavras especiais de Kleiton e Kledir, para refletir:

Estrela, estrela
Como ser assim Tão só, tão só
E nunca sofrer
Brilhar, brilhar
Quase sem querer
Deixar, deixar
Ser o que se é

Tenham todos um ótimo dia!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pra poder te gravar em mim...

Imaginem vocês se pudéssemos gravar todas as experiências adquiridas em nossa vida? Seríamos um misto de pirataria e lembranças, complicado de organizar. Algumas "playlists", eu diria assim, seriam muito ecléticas, reunindo desde a denúncia de uma MPB até um sentimento piegas dessas melódicas trilhas de novela.

Devaneios a parte, carregar consigo as memórias é uma das principais virtudes do Homem. Por diversos motivos, mas acima de tudo porque é através dessas revisitas ao passado que encontramos razões para justificar possíveis atitudes. É uma espécie de vacina que nos deixa imunes de certas circunstâncias. Até porque remexer no que sobrou as vezes machuca. QUer dizer, ao menos dói um pouquinho.

Nesse contexto, suportar o que há pra viver é como um exercício automático de sobrevivência, que nos empurra pra frente por um reflexo impensado. Seguimos a linha do tempo que determina as estações da vida. Um tanto confuso, mas não seria diferente com tantos pensamentos inconstantes que carrego. Seria mais claro dizer então que somos acometidos por sentimentos os quais muitas vezes não sabemos lidar... E assim, nos confudimos uns com outros, transitando num espaço onde a minha essência termina quando mistura com a sua. Quase um modelo matemático, mas que na prática é muito mais complexo.

Não há receitas, não há conselhos, cada um tem ou recebe o que está programado ou determinado. E acomoda na vida conforme lhe é necessário. Pois, quando surge aquela vontadezinha, que também se justifica na saudade, resgatamos o que nos conforta e dá força pra agregar outras memórias...

O dia hoje está pesado, nada claro... como os pensamentos que escrevi.

Amanhã vai ser melhor!

Bom dia!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Não fosse a roupa que eu vestia...

E o tempo passou, vejam vocês... Parece que ainda reviso minhas agendas, de páginas decoradas, como diários de bordo de uma vida "mara", como diria um personagem de tv. Mas isso acontecia lá nos anos 90... parece bastante não? E realmente é! Tempo de rebeldias, de romances de sacada, quando a arte velada se traduz pelas rodas de um skate... Essas palavras tem um significado e tanto... Saudade.

Hoje, em meio a fraldas, brinquedos, "gooooollll" e outras tantas novidades eu me pergunto porque é que a vida passa tão rápido, sem tempo pra nos darmos conta do futuro que se torna presente em um piscar de olhos? Ainda que essa tradução se represente por felicidade, não constitui os mesmos sonhos de antigamente... O único devaneio fiel, que hoje se conclui é o meu velho e fascinante JORNALISMO. Aliás, estou com uma das mãos no diploma já, graças ao meu PAI do céu.

Estava lendo uma reportagem, cujo título era FELIZidade, referindo aos idosos que viveram a vida em plenitude e aggora gozam dos frutos que colheram. Mas, penso eu, que as fases da vida são todas capazes de resultar algo de bom. Se soubermos aproveitar cada espaço, cada caminho, não há maneira de dar errado. É claro, precisamos as vezes nos despir de certos pudores, certas pessoas e preconceitos. É a lei da vida como aquela velha fábula do trem retrata bem. Alguns sobem, outros descem, no caminho das estações.

Aliás, falando nisso, resgato agora minha paixão musical do final dos anos 80, início dos 90 (ai que velhice escrachada, alguns amigos meus estavam recém nascendo) que eu amava demais,que dizia assim "você partiu para ver outras paisagens e o meu coração embora, finja fazer mil viagens, fica batendo parado naquela estação....".

Ah essas vontades que não calam... nos fazem por vezes perder a cabeça. E como diria um nobre amigo Nobre, me levam pra longe... E olha que não é por mal, como diria Leoni, "é quase uma senha pra te tocar".

Mas é preciso continuar, porque o term não pára e o trabalho me chama...

Até a próxima!




quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fidelidade...

Quem é que vai lhe dizer qual é a razão?
Quem é que vai apagar o fogo na hora da aflição?

Dia desses encontrei Tatinha, a tal amiga que tinha tido um pré-encontro, lembram? Contei o caso dela no texto anterior... e por hora volto a contar algumas coisas dessa menina tão inconstante. Depois daquela oportunidade que não resultou em coisa alguma, Tatinha resolveu alimentar a expectativa, acreditando que o tal do Marcelão teria a mesma espécie de recepção. Enganou-se. Santa ingenuidade.

Aconteceram mais umas quatorze ou nove festinhas, entre churrascos, baladas e bebedeiras... e nada de diferente acontecera. E a razão explica tudo, não havia sintonia que estabelecesse um canal de troca. Não nesse sentido que a Tatinha esperava. Como um sistema de vetores, das aulas de física, que aponta somente para um lado.

Ela descobrira... O Marcelão era uma espécie de colunista famoso da atualidade, mulherengo, cheio de palavras escolhidas e ações premeditadas. Um mulherengo de marca maior. Estava envolvido com todas e ao mesmo tempo com nenhuma. Tinha a virilidade da faixa etária e topava o sexo por simples prazer, talvez uma noite com a vizinha do prédio, outra com a ex-namorada e por aí vai...

Era um quase advogado bem-sucedido, e estava certo em não sucumbir às expectativas da menina: estragaria uma das melhores amizades qe já havia feito por um simples desejo, desejo da carne sabe. Um simples desejo. Mas como a vida é feita de atitudes, nem sempre decentes... Quem decidiu o que era melhor para a vida foi ela mesmo, a grande Tatinha!

O mais difícil, dizia ela, era a convivência... não só com o Marcelão, mas com o cheiro que ele tinha e que despertava as mais inesperadas sensações. O que a pobrezinha se questionava, a todo momento, era como estava acontecendo tudo aquilo em sua vida. Em qual momento ela deixou a porta aberta pra outros sentimentos, diferentes daqueles que estava acostumada a carregar?

Mesmo decidindo calar essas pulsações, não aquietava a vontade, a ganância de possuí-lo. Possuir a carne, liberar os desejos, extrapolar. Ultrapassar o limite entre o visível e o imaginário, a fronteira que divide o que é certo daquilo que é simples desejo.


Que tal, abrir a porta do dia, diaaaaa
Entrar sem pedir licença
Sem parar pra pensar
Pensar em nadaa

Pra viver e pra ver não é preciso muito
Atenção, a lição está em cada gesto
(...)
Eu não quero tudo de uma vez
Eu só quero um simples desejo

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Vento sem sentido...

Gosto dessas histórias de amigas, mesmo que algumas sirvam apenas pra esconder os verdadeiros personagens. Hoje me disponho a contar um desses causos, claro sob uma perspectiva totalmente romântica, diferente do simples relato da Tatinha...

Chegou à minha casa quase apavorada. Estava confusa, nervosa, seus pensamentos eram inconstantes. Quase um turbilhão arrasador. Tinha tido uma espécie de pré-encontro com um de seus melhores amigos, o Marcelão. A amizade deles era bonita de se ver, muita cumplicidade e zelo por parte dos dois, com uma certa dose de preocupação saudável. Tinham um muito de verdade sentimental, sem outros interesses.

Se conheceram num curso de inverno, numa espécie de oficina da faculdade. Desde então, a aproximação foi inevitável, ainda mais quando passaram a dividir a mesma sala do curso de Direito. Nesse princípio, além das eventuais brincadeiras que surgem da amizade entre homem e mulher, nada encaminhava outro tipo de envolvimento. Admiravam-se. E isso era bom.

Com a evolução do curso, já estavam nos preparativos para conclusão. E como seria normal, essa rotina de pesquisas, monografias e provas incluía algumas reuniões extra-classe, regada a bebida e bebida... Sim, porque os acadêmicos do Direito gostam muito de bebericar alguma coisinha. Mas o Marcelão era diferente. Ele não tinha esse hábito. Outras colegas ainda comentavam eventualmente o quanto estranho era encontrá-lo agarrando um copo de cevada.

Ele era um exemplo de homem, no auge dos seus 20 e poucos anos. Participava de congressos da academia, desenvolvia trabalhos excelentes, tinha iniciativa para as coisas da faculdade. Da faculdade. E isso não inclui diretamente as meninas. Porque para ele, elas eram caso a parte. Era o que se poderia considerar o último romântico. Daqueles que compra batata frita só pra agradar a vítima da vez.

Quando a Tatinha bateu à porta, eu já imaginava que algo estava acontecendo. Coisas sempre acontecem, mas desta vez era algo atípico. Estava enamorada, no sentido daquelas paixonites em que ficamos horas sonhando com um beijo que não aconteceu, prevendo como seria a reação do encontro daquelas salivas. Ela era só emoção. Logo pensei que claro, em questão de um dia ou dois, tudo voltaria ao normal, afinal Tatinha estava comprometida. Namorava há cerca de 4 meses, mas acima de tudo respeitava seu partner...

Mas o problema que agora surgia era outro... Precisava respeitar suas vontades, sem fugir do que era incontrolável. Estava na rota do desejo, daquilo que temos uma vontade louca incessante de fazer e tentamos arranjar ocasião que possa proporcionar. E cantarolava uns versos infantis da Marjorie Estiano que diziam:


Se o vento sopra sem sentido
As estrelas podem me guiar
Se eu não te tenho aqui comigo
Quando eu sonho eu posso encontrar

E por mais que eu não gostasse, essas palavras naquele momento tinham tanto significado pra ela. POrque só através do sonho ela podia beijar aquela boca que tanto desejava. E claro, na carona algumas cositas mais. Era como uma pulsão de Tanatos. Conversamos. Tentei explicar-lhe o que entendia dessas paixões, mas nada foi suficiente para convencê-la. Havia o tempo, que correria contra ela até o fim daquele ano. O bendito ano da formatura. Posto isso, meu conselho foi que deixasse as coisas acontecerem naturalmente.

Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela então eu me vi

Cássia Eller

terça-feira, 20 de maio de 2008

Meus e de mais ninguém!

Reunindo lembranças pra escrever o texto desta terça-feira. E pensando ao som de Cazuza, não poderia deixar de acreditar que tudo isso faz parte do meu show. Quero falar hoje sobre escolhas, sobre opiniões, ação e reação. Porque de certo, o que sou é também o que eu escolhi ser. Daí, a idéia de que algumas ações são extensões daquilo que queremos representar. Mas não no sentido teatral, de assumir um pernonagem, e sim representar no sentido de significação.


Quanto de consciência temos quando nos entregamos a alguma causa (ou coisa)? E porque não conseguimos suportar a tentação de desejar coisas? A resposta, talvez seja simples... somos humanos e regidos pelo princípio da emoção. O trânsito de sentimentos, que por vezes insistem em trafegar no sentido contrário, provoca caos emocional. E isso é fato.


Quantas circunstâncias já serviram de exemplo, de momentos de precisamos esquecer, mas acabamos sucumbindo ao erro? Quanto de nossos pecados capitais já cometemos sem noção do que realmente acontecia? Se fomos avarentos, preguiçosos, ou ousamos da luxúria (ainda que em pensamento) é porque aí está a nossa essência. E dela não há como fugirmos.


Somos capazes de errar e insistir no erro, nos apaixonamos em um minuto, e levamos uma semana para esquecer. E pra quem não vive de fábulas, a vida é mesmo exposta para os consumidores de plantão. Justo.


Faço promessas malucas

Tão curtas como um sonho bom

Se eu te escondo a verdade, baby

É pra te proteger da solidão


Provocamos a dor, provocamos a saudade. Provocamos. Esta é a arte de viver, porque esperamos resposta. E respostas convincentes, talvez de uma ação concreta, que não seja acometida por um simples desculpa. Porque se fazemos é isso que queremos.


Deseje viver!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Reestabelecendo!

Algumas coisas na vida nos surpreendem. Às vezes, acordamos sem maiores expectativas dos acontecimentos e somos pegos de surpresa com fatos que tornam a rotina muito melhor, o que faz nosso sorriso ficar constante e nosso coração consolado.
Mesmo que cada um esteja em seu lugar, por vezes a gente aprende que a vida é feita de conexões. E esses laços são responsáveis por manter não só a aparência, mas o valor de alguma coisa que sentimos pelo próximo. E sabe porque falo isso? Pelo simples fato de que em certos momentos a amizade, em seu significado maior, nos falta. Nos sentimos sozinhos, deixados, tristes. Mas basta um simples papo, um diálogo desses virtuais mesmo, para reestabelecer a harmonia da vida.
Hoje o dia amanheceu ensolarado mas, se é que você me entende, o céu ficou ainda mais bonito depois que a razão cedeu. E isso prova que não adianta colocarmos o tempo à prova, fazendo com que a vida seja da maneira como queremos (de fato ela não é!). Temos que entender o tempo de cada um. O homem é passível de erro, e é justamente por isso que o Altíssimo nos deu a famosa paciência. Pra que possamos dar ao coração tempo de recompor certas feridas.

And All I can taste is this moment

Por isso, tenho certeza de que a vida é feita de momentos que tem relação entre si. A boa hora seguinte vai depender da boa iniciativa de agora. O amanhã depende da felicidade do hoje! Escolha ser feliz! Mesmo que seja o sorriso provocado por uma palhaçada (no sentido da brincadeira), de uma conversa de palavras divertidas, em que o sorriso seja conseqüência do estado da alma.

Minha felicidade hoje tem nome: fernandinha

Fiquem em paz!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quem vai te abraçar?!


Entendo que atualidade está sendo marcada por sentimentos que incomodam a mente humana. O que percebo é um excesso de carência entre os indivíduos, que acaba afetando a sociedade na qual estamos inseridos. Claro que essa necessidade de ter alguém ou alguma coisa pode ser justificada por inúmeros fatores. Algumas vezes, precisamos ter alguém sempre por perto, pra conversar, discutir ou simplesmente estar ocupando a cadeira do lado. Em outras circunstâncias, a carência pode ser sanada através de um consumismo absoluto, onde o materialismo absorve algumas inquietações do homem.

O que me incomoda é entender a razão disso tudo. Por quais motivos as pessoas não se bastam, ainda que essa construção não obedeça o padrão culto da língua. Mas o sentido semântico é esse mesmo. Não somos suficientes a nós mesmos. Para grande parte, a extensão de si está no próximo. Não que isso seja de todo ruim, mas, penso eu, não deve ser princípio. Senão, a felicidade individual estaria fadada à doação do outro.

E é nesse ponto que venho falar de amizade. Mas, nesse contexto, esses parceiros aos quais chamamos de amigos são integrantes de um cenário tranqüilo, como uma característica multilinear. Eles estão lá e podemos contar com eles não só em situações de necessidade, interesse. Revisitamos esses cidadãos em mensagens de bom dia, em abraços apertados, em sorrisos ou ainda num simples bom dia.

E é assim que me reconheço hoje, reconhecendo meus verdadeiros amigos, que estendem a mão e me chamam pra vida, mostrando que um sentimento puro e verdadeiro vai muito além de uma balada, algumas garrafas de wisky e copos de cerveja. E por isso que eu penso que a vida não espera para acontecer, como alguns que esperam alcançar a casa própria, comprar aquele carro mega lançamento, casar ou ter filhos. Não sabemos o que O Altíssimo nos reserva.

Como diria a canção, vamos viver tudo que há pra viver! E que as decepções nos sirvam de degraus, que nos levem alto e distante do que fica relegado a uma espécie de não progresso.

Hoje eu só quero que o dia termine bem!
Luciana Mello

terça-feira, 6 de maio de 2008

Quando as lembranças invadem...

Não entendo porque, às vezes, é tão difícil esquecer certas ocasiões da vida. Não há o desprendimento necessário para que os fatos da vida, as coisas comuns, trancorram numa boa. Tantas lembranças nos assustam e fazem com que nossa realidade fique incomodada. O fluxo natural das coisas pára e dá atenção para alguma lembrança que insiste em não se despedir. É impressionante a capacidade que pequenas coisas tem de nos remontar certas passagens da vida.

E falando em memória, me lembro de um caso adivinha de quem?! Do Eros, nosso personagem de muitas fábulas. A de hoje vem falar de uma pekena, que era mais um grande amor, apesar do pouco tamanho. Minha pequena, como ele carinhosamente referia aquela menina dos olhos cor de mel, era um doce de pessoa. Carinhosa e louca, carente e atenciosa. Era o que se costuma chamar de complicada e perfeitinha. Ela lutou tanto para conquistar aquele cavaleiro.

Moravam na mesma cidade. Mas ele estava em mudança, e foi embora no dia seguinte ao que se conheceram. Ela ainda foi atrás, com a desculpa de assistirem a algum show do Marenco, nessas festas de interior. Gastou o taco sozinha porque ele não apareceu. Mas o que ele não imaginava era a vontade que ela tinha, não somente de estar com ele, mas de ser dele.
Era uma noite de junho, que o frio justificava aquele casaco xadrez sobre os ombros de onde deveria estar um pala. Quando ela chegou, ele estava à espera, como quem espera um grande amor... Conversaram uns 14 ou 9 minutos, até mesmo porque o tempo voava, e escoava a oportunidade que tinham de se conhecer e trocar algumas verdades. Porque o tempo é sempre o responsável pelos sucessos e fracassos. Naquela ocasião travaram uma batalha, ela avançava enquanto ele fazia o fronte da guerra: não hesitava em proteger-se.
Só então ela se rendeu. Ele partiu, sem expectativa de volta. Talvez mais algumas reuniões o trariam de volta àquele pago, mas nada de concreto. Mas o que há de ser já está escrito e não pode ser alterado. O romance que a pequena cultivava nos sonhos e ideais, aos poucos foi ganhando forma e antes do que se podia esperar, estavam enamorados. Porque a vontade do Altíssimo é superior às aspirações do homem.
Como todo casal de apaixonados, apelidos, sussurros e carinhos eram trocados em confidências. Esses atos de amor estabeleciam tanta cumplicidade que ela realmente se tornava pequena dentro daquele abraço apertado, que protegia e acalmava. Conjecturavam fugas, viagens, anseios. Eram crianças por alguns momentos, brincavam de casinha e por vezes falavam com aquele tom meigo das vozes da infância. Carregavam nos olhos certo medo de que o chão não fosse o limite.

Como todo caso, teve fim essa sintonia de amor. O acaso sobrepôs aquele maravilhoso mundo imaginário, porque viviam em ritmo de sonho. Alçaram vôo alto demais, mas não conseguiram sustentar asas para manter a altura. Caíram. Hoje, a pequena tem outra face. Sim, nosso Eros faz feliz outra pequena que, de certo, tem outras expectativas e sonhos de que o mundo seja perfeito e esteja em sincronia com seu coração.

There's been times, I'm so confused

All my roads, They lead to you
I just can't turn, And walk away

It's hard to say, What it is I see in you

Wonder if I'll always, Be with you
But words can't say, And I can't do
Enough to prove, It's all for you


trecho de All for you (Sister Hazel)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Quando o fôlego de vida se esgota


O coração. Não bate mais. O sangue. Por aquelas veias também já não corre. O ar, daquele corpo, acabou. A vida se esgotou. E é tão difícil aceitar a saudade, consolo único de quem fica revivendo momentos e resgatando lembranças. As lembranças de hoje tem um nome: Neri de Avila. Comunista. Protagonista de atividades subversivas daquele ano de 64. Guardo agora os recortes de jornal, trazendo a manchete dos presos políticos. Meu avô era um deles. Lutou pelo país, foi guerreiro, fiel à pátria de que hoje se despede.

As memórias, intensas como se fizessem parte do presente, me remontam às corridas no corredor da casa da Dr. Nascimento, que ele sempre deixava ‘a polaca’ ganhar. Fazia uma mamadeira de leite quentinho, pra que eu sentasse em seu colo e aconchegasse num abraço gostoso, não só de avô, mas de pai. Porque ele era um pai com açúcar. Me protegia dos trovões, me levava na praça pra brincar no gira-gira. E claro, na Maria-fumaça. Ferroviário aposentado, não escondia seu amor pelas máquinas a vapor. Me ensinou a amar. A amar o café com leite e o pão com margarina que só ele sabia fazer.

Hoje o dia ficou cinza. O aeroporto de mosquito, como eu carinhosamente chamava aquela careca preservada aos 78 anos, já não recebe mais o meu afago. O ladrão de oxigênio, apelido conquistado por seu humilde nariz, foi respirar outros ares. Descansa ele agora na sombra do Altíssimo. Lembro ainda das tardes em que alguns colchões velhos eram como cavalos galopantes, nas brincadeiras dessa neta mais velha. Quanta experiência, quanta vontade naqueles olhos azuis acinzentados.

Por vezes, parece mentira. Tenho a sensação de que ainda o encontrarei caminhando pelo canalete ou nos aniversários da família. Mas, não poderá estar presente no primeiro ano do bisneto. Não poderá contar as mesmas histórias que embalaram meus sonhos. A saudade é enorme. E essas expectativas de reencontrar aquilo que dele era concreto, físico, vão sendo apagadas pela certeza de que o amor continua. Guardarei pra sempre, na memória, o sorriso por trás daquele bigode que o tempo já fazia branco.

Te tenho eternamente no coração, te carrego no nome, honrando a família Ávila. Falaremos em ti nas reuniões de família, lembrando o quanto gostavas dessas “bagunças”. Querias proteger os teus e conseguisse fazê-lo. Te amo, Neri de Ávila. Vai em paz. Fico com a saudade.

Nery de Ávila – 03/08/1930 – 28/04/2008

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Fenômeno Virtual


Páro agora pra pensar...onde viemos parar?! É, redundante este questionamento, mas quando me dou conta que a maior parte das minhas ações são baseadas em plataformas digitais, chego a rir sozinha. Como pode o indivíduo, num período tão curto do tempo, adaptar-se às novas tecnologias, como se elas sempre tivessem existido?! MSN, Orkut, facebook, blogs etc... sem falar, é claro, no já básico celular. Mobilidade. Interatividade. Mas, talvez essa busca por conectividade nos torne mais solitários. POis, nessas circunstâncias, estamos sozinhos através de uma plataforma virtual, ainda que conectado com o mundo.


Por trás das palavras, da raiva de tudo
Sorri pra tentar chegar em você
Foi como fugir pra nos proteger
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque



É assim que eu começo a contar mais uma história do Eros, nosso personagem de todas as horas, com suas mil e uma experiências. Ô rapaz de sorte esse. A primeira namorada, a Nalva, tinha só deixado lembranças. Por vezes, assombrava as idéias do pobre gauchinho. Os primeiros amores, geralmente proibidos, a família não aceita, o pai não concorda. Mas a emoção garante o sucesso, e a razão, pobre simpática, fica calada.

Depois da Nalva, o nosso protagonista jurou não mais se apaixonar. Mas, ironia (ou golpe) do destino, colocou a sua frente ela. Os corredores da faculdade pareciam marcar um ponto zero, onde eles sempre acabavam se encontrando. Por vezes tímidos, inseguros, naquele clima de início de romance. Se conheceram na bailante, depois de muitos olhares trocados nos espaços da universidade. Mas o embalo tradicionalista daquela noite enamorou os corações carentes daquelas duas criaturas.

E ele era tão apaixonado, daqueles de entregar flores na rua. Cada vez mais cativava aquela menina mulher de 20 e poucos anos. Trocavam e-mails praticamente todos os dias, além dos torpedos de celular. Bonito de se ver.

Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?

Era a extensão digital que permitia a aproximação destes dois. Eram movidos por essa onda virtual que conquista cada vez mais adeptos na atualidade. Juntos na realidade estavam em poucos momentos, suficientes para assegurar tanta doação. Mas como tudo que é bom dura pouco, esse caso também. Foi pouco mais de um ano. Pouco! Bastou para ser inesquecível. Eros escreveu na sua história algumas páginas de um amor tão intenso, que nenhuma outra potra morena será capaz de substituir...

Foi como tentar parar esse trem
Com flores no trilho e acenar pra você
Parece absurdo, eu sei, mas tentei
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque


** Trechos da música de Leoni, Quem além de você?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Quem será esse 'Doublé de Corpo'?

O som de Leoni me inspira a recorrer certas lembranças, observando como é bom mesmo viver. Mesmo que olhando aquele retrato na estante não seja possível reconhecer o indivíduo (que na verdade somos nós mesmos) em outros momentos da vida... Tem um desses slogans de muro sabe que diz algo do tipo ser um privilégio dividir um espaço e uma época com as pessoas, diante da vastidão do espaço e da imensidade (pelo menos é assim que está escrito) do tempo.

Me proponho hoje a fazer uma reflexão sobre os planos de vida, aqueles que todos nós fazemos enquanto acreditamos que a vida é do jeito que a gente quer... Morar sozinho ou com 5 cachorros (sem especificar a espécie claro!!! hoje tem alguns tão domésticos...aos quais chamamos de amor), viajar pelo mundo, ter carros magníficos e casas espetaculares. É assim que muitas pessoas se reconhecem quando revisitam fotografias de um tempo onde as responsabilidades não eram tão necessárias para a manutenção do bem viver.

Quando paro no tempo e faço um movimento retrocesso, me encontro tão sonhadora, tão incentivada, tão simples e querendo abraçar o mundo com pouco mais de 45cm em cada braço. E dessa forma, recorro à ciência e seu caráter falível, do qual o professor de pesquisa fala tanto, para corroborar a idéia de que a observação do homem, dentro o método científico, dispõe de variáveis complexas para a investigação, por ser o indivíduo tão imprevisível.

Eu não reconheço mais
olhando as fotos do passado
o habitante do meu corpo,
este estranho dublê de retratos

Tentar resgatar o que já foi não existe, pelo menos da mesma maneira. É que o tempo sempre disfarça e por vezes cala e transforma e torna saudoso (sim, esta foi sim uma sucessão de conectivos!). É com tanta voracidade que a gente entra na juventude e, de certa forma, vai enfraquecendo, esquecendo, (des)incentivando... gosto tanto dos gerúndios pela idéia de continuidade!

Por fim, ainda que não por último, queria algumas vontades de volta. Vontade de comer todos os cachorros-quentes, de gastar todo salário num só dia, de amar incontrolávelmenet uma causa, de defender quem não tem voz e de xingar quem merece. Meu ponto de vista anda meio revoltado... Mas qualquer dia isso tudo passa...desculpe as mágoas que eu deixei... Salve Leoni!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Tudo que move é sagrado...



Como diria Beto Guedes ao interpretar Amor de Indio, enquanto a chama arder, todo dia te ver passar, tudo viver a teu lado... É nesse clima que meu coração começa a derramar palavras hoje... Se essa tal nostalgia nos desse uma trégua e fosse capaz de fugir pra longe sem previsão de retorno, o tal princípio da emoção dava um pouco mais de chance à razão. Enquanto isso não acontece, tento sufocar esse grito que aqui dentro não quer calar...

Mas é hora de deixar Eros falar... Ah Eros!! Esse sim, um poço de fundamento, que se equilibra no limite que separa passado e futuro isentando o presente de certas lembranças. Esse tal menino estava, certa vez, na rodoviária de onde Teixeirinha fez história. E lamentava a partida de sua amada. Ela seguia rumo àquela triste realidade da época, trabalho, estudo, rotina que impunha um vazio no coração. Era sim um namoro à distância, apoiado na vontade louca e incessante que tinham de estar juntos.

Talvez tenha sido a seqüência de chegadas e partidas que o amor tenha encontrado brecha, e fugido sem deixar rastro... Nesses intervalos em que não estavam juntos, ele frequentava o pub, bebia dois dedos de uma ardente que enganava. Tinha sim um amigo, dividiam a casa. Um cuidava do quarto e o outro, bem, o outro fazia compras. Ambos tinham o coração comprometido... talvez não com as imaculadas, mas com ideais de vida. E até acredito que eles estavam certos... Porque o amor mais importante, hoje é certo, é o amor próprio!

Ela também se enganava, dormia na casa das amigas (este é um questionamento interessante, a vontade constante das meninas em dormir umas na casa das outras... que tanto assunto essas línguas incessantes têm?!?!). Rosa Flor preenchia seus momentos de solidão com festas, bebidas, toques (sim, quem nunca fez "3 segundos"?) e assim caminhava dia após dia, esperando pela chance de gastar seus dias tão somente ao lado dele. Coitada. Não que seja digna de pena, mas literalmente enganava-se.

De fato, continuaram. Como duas linha paralelas... que nem mesmo no infinito se encontram. Ele seguiu encontrando alento em outros suspiros. Mas isso é pauta pra outra história... Tenho que voltar a minha vida real, responsabilidades acadêmicas... sim! Ainda é necessária a freqüência em sala de aula, avaliações de bimestre...rumo ao diploma de jornalista!!!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

5 minutos...

O que se pode fazer em cinco minutos? Até hoje, quando peço alguma coisa pra ele a resposta é sempre a mesma... "5 minutinhos" que na verdade são 20, 30min... Da última vez que pedi alguma coisa, naquela ocasião a súplica era pra que levasse os cobertores para a lavanderia... coisa de 10 minutinhos, não funcionou. Estão lá até hoje, juntando poeira na sacola. Um tal de GTA é que atualmente me rouba a cena. Essa saga de games na Internet... e esse ainda traduz o pior da violência. Mas é assim...

Mas a história hoje é outra, venho aqui contar mais um caso do Eros. O personagem da nossa história era um cara legal, pacato cidadão que sabia como conduzir a prenda em qualquer instância, até mesmo c'os espora torta. Romântico tímido, tinha na essência a melhor das intenções. Queria casar, ter filhos, um bom emprego e um sitiozinho pra passar o fim de semana tropeando nos campos.

De certo, quando conheceu a potra morena, sua busca em parte estava completa. Era ela, com brilho nos olhos e vontade de quem nunca fracassou. Queriam vencer o mundo, transpor limites, vencer o infinito... Porém, das verdades que ela sabia, como diria poeticamente Nenhum de nós, só sobraram restos. A pobre morena traiu a si mesma tentando ser fiel às próprias virtudes.

E no final de semana que poderiam arranjar os últimos acertos do casório, tudo foi desfeito.

O celular dele tocou, naquela derradeira sexta de novembro, ao atender ouviu o pranto soluçante de quem comete erros irreversíveis, em nível de senso comum. Ela colocava fim a tudo, sem julgar se tais atitudes teriam conseqüências dolorosas... como tiveram. Aos 18 dias de dezembro, daquele mesmo ano, ele assumia um outro amor. Esse talvez não fosse intenso e desmedido, era difícil ser feliz depois de tanta doação. Mas tinha de ser assim, os golpes do amor que ninguém mais vê. Tudo estava desfeito. Mágoa, lágrimas, descaso. Apesar de complicada e perfeitinha, ela sabia amar, mas não respeitava o processo de maturação do sentimento. E fugiu. Do amor.

Ele seguiu. Eros partiu rumo às conquistas ainda incobertas à espera de seu tropeiro manso. Mas não demoraria até que retornasse, e abandonasse o pasto para atracar em um porto talvez mais seguro. Êta circunstâncias da vida... Cinco minutos de um telefonema impulsivo que colocou a eternidade à prova... A história desses dois amantes segue num próximo capítulo...

Agora volto à realidade pra lembrar que em cinco minutos tenho que fazer coisas que mais ninguém faria em meu lugar...ô vidinha corrida!