terça-feira, 6 de maio de 2008

Quando as lembranças invadem...

Não entendo porque, às vezes, é tão difícil esquecer certas ocasiões da vida. Não há o desprendimento necessário para que os fatos da vida, as coisas comuns, trancorram numa boa. Tantas lembranças nos assustam e fazem com que nossa realidade fique incomodada. O fluxo natural das coisas pára e dá atenção para alguma lembrança que insiste em não se despedir. É impressionante a capacidade que pequenas coisas tem de nos remontar certas passagens da vida.

E falando em memória, me lembro de um caso adivinha de quem?! Do Eros, nosso personagem de muitas fábulas. A de hoje vem falar de uma pekena, que era mais um grande amor, apesar do pouco tamanho. Minha pequena, como ele carinhosamente referia aquela menina dos olhos cor de mel, era um doce de pessoa. Carinhosa e louca, carente e atenciosa. Era o que se costuma chamar de complicada e perfeitinha. Ela lutou tanto para conquistar aquele cavaleiro.

Moravam na mesma cidade. Mas ele estava em mudança, e foi embora no dia seguinte ao que se conheceram. Ela ainda foi atrás, com a desculpa de assistirem a algum show do Marenco, nessas festas de interior. Gastou o taco sozinha porque ele não apareceu. Mas o que ele não imaginava era a vontade que ela tinha, não somente de estar com ele, mas de ser dele.
Era uma noite de junho, que o frio justificava aquele casaco xadrez sobre os ombros de onde deveria estar um pala. Quando ela chegou, ele estava à espera, como quem espera um grande amor... Conversaram uns 14 ou 9 minutos, até mesmo porque o tempo voava, e escoava a oportunidade que tinham de se conhecer e trocar algumas verdades. Porque o tempo é sempre o responsável pelos sucessos e fracassos. Naquela ocasião travaram uma batalha, ela avançava enquanto ele fazia o fronte da guerra: não hesitava em proteger-se.
Só então ela se rendeu. Ele partiu, sem expectativa de volta. Talvez mais algumas reuniões o trariam de volta àquele pago, mas nada de concreto. Mas o que há de ser já está escrito e não pode ser alterado. O romance que a pequena cultivava nos sonhos e ideais, aos poucos foi ganhando forma e antes do que se podia esperar, estavam enamorados. Porque a vontade do Altíssimo é superior às aspirações do homem.
Como todo casal de apaixonados, apelidos, sussurros e carinhos eram trocados em confidências. Esses atos de amor estabeleciam tanta cumplicidade que ela realmente se tornava pequena dentro daquele abraço apertado, que protegia e acalmava. Conjecturavam fugas, viagens, anseios. Eram crianças por alguns momentos, brincavam de casinha e por vezes falavam com aquele tom meigo das vozes da infância. Carregavam nos olhos certo medo de que o chão não fosse o limite.

Como todo caso, teve fim essa sintonia de amor. O acaso sobrepôs aquele maravilhoso mundo imaginário, porque viviam em ritmo de sonho. Alçaram vôo alto demais, mas não conseguiram sustentar asas para manter a altura. Caíram. Hoje, a pequena tem outra face. Sim, nosso Eros faz feliz outra pequena que, de certo, tem outras expectativas e sonhos de que o mundo seja perfeito e esteja em sincronia com seu coração.

There's been times, I'm so confused

All my roads, They lead to you
I just can't turn, And walk away

It's hard to say, What it is I see in you

Wonder if I'll always, Be with you
But words can't say, And I can't do
Enough to prove, It's all for you


trecho de All for you (Sister Hazel)

Um comentário:

Marcos Leivas disse...

Woooooooooow! Palmas! (Clap clap clap!)

Gostei de ver. Que texto, hein? Muito bom! Que orgulho da menina da bolsa da adidas cinza! :D

A cor dos olhos e um tal apelido remeteram-me a uma situação próxima de um amigo meu, o Canhotinho. Lembro quando ele me contou de uma menina de características próximas a prenda do Eros. Pena que o final da história do Canhotinho assim como a do Eros foi triste. Coisas da vida! Mas como diz a música: eu sempre estarei com você! Seja na lembrança ou na esperança de um futuro próximo...

Beijo queridassa! :)