segunda-feira, 6 de abril de 2009

Deixa eu correr...

Essa vida é mesmo engraçada. Não que eu acredite em outra vida, mais mesmo por força de expressão. Dia desses me peguei pensando nas coisas que sonhamos, aqueles planos desfeitos, aquelas palavras perdidas no tempo, as conversas não ditas... a vontade de correr, pra se esconder, pra fugir, pra querer mais... Porque é assim que vivemos, correndo.

As vezes corremos por gosto, outras atrás de alguém e outras ainda de alguém. Intensamente perseguimos certos objetivos com o desejo de alcançá-los, tornando real o que existia apenas no nível da abstração do pensamento. E dessa forma algumas circunstâncias se tornam perfeitas, como no capítulo perfeito daquele romance que você insiste em esquecer e a sua consciência faz questão de lembrar.

Fugimos do escuro, fugimos do medo, do desconhecido. E tão ironicamente, são esses mesmos cenários que buscamos quando só o refúgio se faz confortante. Quando a meia luz projeta a sombra do que queremos, orientando só o que os olhos não precisam ver, mas que as mãos fazem questão de tocar. E essa é a questão do desejo, de um modelo ideal que não se limita a pudores e nem sequer estabelece parâmetros. Acontece como reflexo da sedução.

E por falar em sedução, não há como esquecer da pele, do cheiro, do toque... da palavra não dita, da expressão de um olhar que explica tudo. Do olhar que consome, que domina, que provoca, um olhar que cala. E silencia pra que outros sons possam ser ouvidos, incessantemente. Dizem alguns teóricos, ainda que numa visão romântica, que o corpo fala. Aliás, numa linguagem que só um outro corpo pode entender. E se essa linguagem for mesmo um sistema de signos, é aí que a coisa complica.

Mas, como eu mesma costumo dizer, nada é por acaso. Aprendemos a agir de maneira mais superficialm pra compreender o que o contexto não dá conta de explicar. Como a teoria da imprevisibilidade. Jamais poderemos prever o que vai acontecer. Pode ser mesmo que o vento dessa borboleta que bate asas por aqui provoque vendavais lá do outro lado. Quem vai dizer, quem vai saber?
E é assim que tenho aprendido a viver, um passo de cada vez, um impulso também. Porque me agrada o valor do imprevisível, que se torna completo sem muito esforço, quando você nem acredita mais que possa acontecer...


"But you can't stop nothing if you got no control
Of the thoughts in your mind that you kept and you know
That you don't know nothing but you don't need to know
The wisdom's in the trees not the glass windows
You can't stop wishing if you don't let go
Of the things that you find and you lose and you know
You keep on rolling, put the moment on hold
Because the frame's too bright, so put the blinds down low "