quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fidelidade...

Quem é que vai lhe dizer qual é a razão?
Quem é que vai apagar o fogo na hora da aflição?

Dia desses encontrei Tatinha, a tal amiga que tinha tido um pré-encontro, lembram? Contei o caso dela no texto anterior... e por hora volto a contar algumas coisas dessa menina tão inconstante. Depois daquela oportunidade que não resultou em coisa alguma, Tatinha resolveu alimentar a expectativa, acreditando que o tal do Marcelão teria a mesma espécie de recepção. Enganou-se. Santa ingenuidade.

Aconteceram mais umas quatorze ou nove festinhas, entre churrascos, baladas e bebedeiras... e nada de diferente acontecera. E a razão explica tudo, não havia sintonia que estabelecesse um canal de troca. Não nesse sentido que a Tatinha esperava. Como um sistema de vetores, das aulas de física, que aponta somente para um lado.

Ela descobrira... O Marcelão era uma espécie de colunista famoso da atualidade, mulherengo, cheio de palavras escolhidas e ações premeditadas. Um mulherengo de marca maior. Estava envolvido com todas e ao mesmo tempo com nenhuma. Tinha a virilidade da faixa etária e topava o sexo por simples prazer, talvez uma noite com a vizinha do prédio, outra com a ex-namorada e por aí vai...

Era um quase advogado bem-sucedido, e estava certo em não sucumbir às expectativas da menina: estragaria uma das melhores amizades qe já havia feito por um simples desejo, desejo da carne sabe. Um simples desejo. Mas como a vida é feita de atitudes, nem sempre decentes... Quem decidiu o que era melhor para a vida foi ela mesmo, a grande Tatinha!

O mais difícil, dizia ela, era a convivência... não só com o Marcelão, mas com o cheiro que ele tinha e que despertava as mais inesperadas sensações. O que a pobrezinha se questionava, a todo momento, era como estava acontecendo tudo aquilo em sua vida. Em qual momento ela deixou a porta aberta pra outros sentimentos, diferentes daqueles que estava acostumada a carregar?

Mesmo decidindo calar essas pulsações, não aquietava a vontade, a ganância de possuí-lo. Possuir a carne, liberar os desejos, extrapolar. Ultrapassar o limite entre o visível e o imaginário, a fronteira que divide o que é certo daquilo que é simples desejo.


Que tal, abrir a porta do dia, diaaaaa
Entrar sem pedir licença
Sem parar pra pensar
Pensar em nadaa

Pra viver e pra ver não é preciso muito
Atenção, a lição está em cada gesto
(...)
Eu não quero tudo de uma vez
Eu só quero um simples desejo

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Vento sem sentido...

Gosto dessas histórias de amigas, mesmo que algumas sirvam apenas pra esconder os verdadeiros personagens. Hoje me disponho a contar um desses causos, claro sob uma perspectiva totalmente romântica, diferente do simples relato da Tatinha...

Chegou à minha casa quase apavorada. Estava confusa, nervosa, seus pensamentos eram inconstantes. Quase um turbilhão arrasador. Tinha tido uma espécie de pré-encontro com um de seus melhores amigos, o Marcelão. A amizade deles era bonita de se ver, muita cumplicidade e zelo por parte dos dois, com uma certa dose de preocupação saudável. Tinham um muito de verdade sentimental, sem outros interesses.

Se conheceram num curso de inverno, numa espécie de oficina da faculdade. Desde então, a aproximação foi inevitável, ainda mais quando passaram a dividir a mesma sala do curso de Direito. Nesse princípio, além das eventuais brincadeiras que surgem da amizade entre homem e mulher, nada encaminhava outro tipo de envolvimento. Admiravam-se. E isso era bom.

Com a evolução do curso, já estavam nos preparativos para conclusão. E como seria normal, essa rotina de pesquisas, monografias e provas incluía algumas reuniões extra-classe, regada a bebida e bebida... Sim, porque os acadêmicos do Direito gostam muito de bebericar alguma coisinha. Mas o Marcelão era diferente. Ele não tinha esse hábito. Outras colegas ainda comentavam eventualmente o quanto estranho era encontrá-lo agarrando um copo de cevada.

Ele era um exemplo de homem, no auge dos seus 20 e poucos anos. Participava de congressos da academia, desenvolvia trabalhos excelentes, tinha iniciativa para as coisas da faculdade. Da faculdade. E isso não inclui diretamente as meninas. Porque para ele, elas eram caso a parte. Era o que se poderia considerar o último romântico. Daqueles que compra batata frita só pra agradar a vítima da vez.

Quando a Tatinha bateu à porta, eu já imaginava que algo estava acontecendo. Coisas sempre acontecem, mas desta vez era algo atípico. Estava enamorada, no sentido daquelas paixonites em que ficamos horas sonhando com um beijo que não aconteceu, prevendo como seria a reação do encontro daquelas salivas. Ela era só emoção. Logo pensei que claro, em questão de um dia ou dois, tudo voltaria ao normal, afinal Tatinha estava comprometida. Namorava há cerca de 4 meses, mas acima de tudo respeitava seu partner...

Mas o problema que agora surgia era outro... Precisava respeitar suas vontades, sem fugir do que era incontrolável. Estava na rota do desejo, daquilo que temos uma vontade louca incessante de fazer e tentamos arranjar ocasião que possa proporcionar. E cantarolava uns versos infantis da Marjorie Estiano que diziam:


Se o vento sopra sem sentido
As estrelas podem me guiar
Se eu não te tenho aqui comigo
Quando eu sonho eu posso encontrar

E por mais que eu não gostasse, essas palavras naquele momento tinham tanto significado pra ela. POrque só através do sonho ela podia beijar aquela boca que tanto desejava. E claro, na carona algumas cositas mais. Era como uma pulsão de Tanatos. Conversamos. Tentei explicar-lhe o que entendia dessas paixões, mas nada foi suficiente para convencê-la. Havia o tempo, que correria contra ela até o fim daquele ano. O bendito ano da formatura. Posto isso, meu conselho foi que deixasse as coisas acontecerem naturalmente.

Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela então eu me vi

Cássia Eller

terça-feira, 20 de maio de 2008

Meus e de mais ninguém!

Reunindo lembranças pra escrever o texto desta terça-feira. E pensando ao som de Cazuza, não poderia deixar de acreditar que tudo isso faz parte do meu show. Quero falar hoje sobre escolhas, sobre opiniões, ação e reação. Porque de certo, o que sou é também o que eu escolhi ser. Daí, a idéia de que algumas ações são extensões daquilo que queremos representar. Mas não no sentido teatral, de assumir um pernonagem, e sim representar no sentido de significação.


Quanto de consciência temos quando nos entregamos a alguma causa (ou coisa)? E porque não conseguimos suportar a tentação de desejar coisas? A resposta, talvez seja simples... somos humanos e regidos pelo princípio da emoção. O trânsito de sentimentos, que por vezes insistem em trafegar no sentido contrário, provoca caos emocional. E isso é fato.


Quantas circunstâncias já serviram de exemplo, de momentos de precisamos esquecer, mas acabamos sucumbindo ao erro? Quanto de nossos pecados capitais já cometemos sem noção do que realmente acontecia? Se fomos avarentos, preguiçosos, ou ousamos da luxúria (ainda que em pensamento) é porque aí está a nossa essência. E dela não há como fugirmos.


Somos capazes de errar e insistir no erro, nos apaixonamos em um minuto, e levamos uma semana para esquecer. E pra quem não vive de fábulas, a vida é mesmo exposta para os consumidores de plantão. Justo.


Faço promessas malucas

Tão curtas como um sonho bom

Se eu te escondo a verdade, baby

É pra te proteger da solidão


Provocamos a dor, provocamos a saudade. Provocamos. Esta é a arte de viver, porque esperamos resposta. E respostas convincentes, talvez de uma ação concreta, que não seja acometida por um simples desculpa. Porque se fazemos é isso que queremos.


Deseje viver!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Reestabelecendo!

Algumas coisas na vida nos surpreendem. Às vezes, acordamos sem maiores expectativas dos acontecimentos e somos pegos de surpresa com fatos que tornam a rotina muito melhor, o que faz nosso sorriso ficar constante e nosso coração consolado.
Mesmo que cada um esteja em seu lugar, por vezes a gente aprende que a vida é feita de conexões. E esses laços são responsáveis por manter não só a aparência, mas o valor de alguma coisa que sentimos pelo próximo. E sabe porque falo isso? Pelo simples fato de que em certos momentos a amizade, em seu significado maior, nos falta. Nos sentimos sozinhos, deixados, tristes. Mas basta um simples papo, um diálogo desses virtuais mesmo, para reestabelecer a harmonia da vida.
Hoje o dia amanheceu ensolarado mas, se é que você me entende, o céu ficou ainda mais bonito depois que a razão cedeu. E isso prova que não adianta colocarmos o tempo à prova, fazendo com que a vida seja da maneira como queremos (de fato ela não é!). Temos que entender o tempo de cada um. O homem é passível de erro, e é justamente por isso que o Altíssimo nos deu a famosa paciência. Pra que possamos dar ao coração tempo de recompor certas feridas.

And All I can taste is this moment

Por isso, tenho certeza de que a vida é feita de momentos que tem relação entre si. A boa hora seguinte vai depender da boa iniciativa de agora. O amanhã depende da felicidade do hoje! Escolha ser feliz! Mesmo que seja o sorriso provocado por uma palhaçada (no sentido da brincadeira), de uma conversa de palavras divertidas, em que o sorriso seja conseqüência do estado da alma.

Minha felicidade hoje tem nome: fernandinha

Fiquem em paz!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quem vai te abraçar?!


Entendo que atualidade está sendo marcada por sentimentos que incomodam a mente humana. O que percebo é um excesso de carência entre os indivíduos, que acaba afetando a sociedade na qual estamos inseridos. Claro que essa necessidade de ter alguém ou alguma coisa pode ser justificada por inúmeros fatores. Algumas vezes, precisamos ter alguém sempre por perto, pra conversar, discutir ou simplesmente estar ocupando a cadeira do lado. Em outras circunstâncias, a carência pode ser sanada através de um consumismo absoluto, onde o materialismo absorve algumas inquietações do homem.

O que me incomoda é entender a razão disso tudo. Por quais motivos as pessoas não se bastam, ainda que essa construção não obedeça o padrão culto da língua. Mas o sentido semântico é esse mesmo. Não somos suficientes a nós mesmos. Para grande parte, a extensão de si está no próximo. Não que isso seja de todo ruim, mas, penso eu, não deve ser princípio. Senão, a felicidade individual estaria fadada à doação do outro.

E é nesse ponto que venho falar de amizade. Mas, nesse contexto, esses parceiros aos quais chamamos de amigos são integrantes de um cenário tranqüilo, como uma característica multilinear. Eles estão lá e podemos contar com eles não só em situações de necessidade, interesse. Revisitamos esses cidadãos em mensagens de bom dia, em abraços apertados, em sorrisos ou ainda num simples bom dia.

E é assim que me reconheço hoje, reconhecendo meus verdadeiros amigos, que estendem a mão e me chamam pra vida, mostrando que um sentimento puro e verdadeiro vai muito além de uma balada, algumas garrafas de wisky e copos de cerveja. E por isso que eu penso que a vida não espera para acontecer, como alguns que esperam alcançar a casa própria, comprar aquele carro mega lançamento, casar ou ter filhos. Não sabemos o que O Altíssimo nos reserva.

Como diria a canção, vamos viver tudo que há pra viver! E que as decepções nos sirvam de degraus, que nos levem alto e distante do que fica relegado a uma espécie de não progresso.

Hoje eu só quero que o dia termine bem!
Luciana Mello

terça-feira, 6 de maio de 2008

Quando as lembranças invadem...

Não entendo porque, às vezes, é tão difícil esquecer certas ocasiões da vida. Não há o desprendimento necessário para que os fatos da vida, as coisas comuns, trancorram numa boa. Tantas lembranças nos assustam e fazem com que nossa realidade fique incomodada. O fluxo natural das coisas pára e dá atenção para alguma lembrança que insiste em não se despedir. É impressionante a capacidade que pequenas coisas tem de nos remontar certas passagens da vida.

E falando em memória, me lembro de um caso adivinha de quem?! Do Eros, nosso personagem de muitas fábulas. A de hoje vem falar de uma pekena, que era mais um grande amor, apesar do pouco tamanho. Minha pequena, como ele carinhosamente referia aquela menina dos olhos cor de mel, era um doce de pessoa. Carinhosa e louca, carente e atenciosa. Era o que se costuma chamar de complicada e perfeitinha. Ela lutou tanto para conquistar aquele cavaleiro.

Moravam na mesma cidade. Mas ele estava em mudança, e foi embora no dia seguinte ao que se conheceram. Ela ainda foi atrás, com a desculpa de assistirem a algum show do Marenco, nessas festas de interior. Gastou o taco sozinha porque ele não apareceu. Mas o que ele não imaginava era a vontade que ela tinha, não somente de estar com ele, mas de ser dele.
Era uma noite de junho, que o frio justificava aquele casaco xadrez sobre os ombros de onde deveria estar um pala. Quando ela chegou, ele estava à espera, como quem espera um grande amor... Conversaram uns 14 ou 9 minutos, até mesmo porque o tempo voava, e escoava a oportunidade que tinham de se conhecer e trocar algumas verdades. Porque o tempo é sempre o responsável pelos sucessos e fracassos. Naquela ocasião travaram uma batalha, ela avançava enquanto ele fazia o fronte da guerra: não hesitava em proteger-se.
Só então ela se rendeu. Ele partiu, sem expectativa de volta. Talvez mais algumas reuniões o trariam de volta àquele pago, mas nada de concreto. Mas o que há de ser já está escrito e não pode ser alterado. O romance que a pequena cultivava nos sonhos e ideais, aos poucos foi ganhando forma e antes do que se podia esperar, estavam enamorados. Porque a vontade do Altíssimo é superior às aspirações do homem.
Como todo casal de apaixonados, apelidos, sussurros e carinhos eram trocados em confidências. Esses atos de amor estabeleciam tanta cumplicidade que ela realmente se tornava pequena dentro daquele abraço apertado, que protegia e acalmava. Conjecturavam fugas, viagens, anseios. Eram crianças por alguns momentos, brincavam de casinha e por vezes falavam com aquele tom meigo das vozes da infância. Carregavam nos olhos certo medo de que o chão não fosse o limite.

Como todo caso, teve fim essa sintonia de amor. O acaso sobrepôs aquele maravilhoso mundo imaginário, porque viviam em ritmo de sonho. Alçaram vôo alto demais, mas não conseguiram sustentar asas para manter a altura. Caíram. Hoje, a pequena tem outra face. Sim, nosso Eros faz feliz outra pequena que, de certo, tem outras expectativas e sonhos de que o mundo seja perfeito e esteja em sincronia com seu coração.

There's been times, I'm so confused

All my roads, They lead to you
I just can't turn, And walk away

It's hard to say, What it is I see in you

Wonder if I'll always, Be with you
But words can't say, And I can't do
Enough to prove, It's all for you


trecho de All for you (Sister Hazel)